Relatório Infeção VIH e SIDA em Portugal – 2019
27-11-2019
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e a Direção-Geral da Saúde divulgam o relatório anual sobre a situação da infeção VIH e SIDA em Portugal, elaborado pela Unidade de Referência e Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Infeciosas do INSA, em colaboração com o Programa Nacional da Infeção VIH e SIDA da DGS.
O relatório reúne informação epidemiológica que caracteriza a situação em Portugal a 31 de dezembro de 2018, obtida a partir das notificações de casos de infeção por VIH e SIDA que o Instituto Ricardo Jorge recebe, colige e analisa desde 1985. São ainda apresentados dados das estimativas relativas à epidemia nacional, da monitorização dos objetivos 90-90-90 e das iniciativas de prevenção e rastreio no país.
Dos resultados e conclusões apresentados no documento, destaca-se o seguinte:
- De acordo com as notificações recebidas até 30 de junho do corrente ano, em 2018 foram diagnosticados 973 novos casos de infeção por VIH em Portugal, o que equivale a uma taxa de 9,5 casos/100 mil habitantes, não ajustada para o atraso da notificação. Encontram-se registados cumulativamente 59.913 casos de infeção por VIH;
- Os novos diagnósticos ocorreram maioritariamente (47,2%) em residentes na Área Metropolitana de Lisboa, região para a qual se apurou uma taxa de diagnóstico de 16,1 casos/100 mil habitantes. A maioria (71,2%) registou-se em homens, a idade mediana ao diagnóstico foi 40 anos, a taxa de novos diagnósticos mais elevada observou-se no grupo etário 25-29 anos (23,8 casos/100 mil habitantes), entre os homens com essas idades a taxa de diagnóstico foi de 33,0 casos/100 mil habitantes. Portugal foi referido como país natal em 61,1% dos casos. À data do diagnóstico da infeção 15,9% dos casos apresentavam patologia indicadora de SIDA e os valores das contagens iniciais de linfócitos TCD4+ revelaram que em 55,8% dos novos casos o diagnóstico foi tardio. As mais elevadas percentagens de diagnósticos tardios foram observadas em homens heterossexuais (70,2%) e em casos com idades ≥ a 50 anos (70,7%). Em 14,6% dos novos diagnósticos foram detetadas mutações associadas a resistência aos antirretrovirais, contudo, os valores encontrados para as classes preconizados no tratamento inicial foram substancialmente mais reduzidos. Em 97,3% dos casos a transmissão ocorreu por via sexual, com 62,3% a referirem contacto heterossexual. Os casos em homens que fazem sexo com homens (HSH) corresponderam a 49,2% dos casos diagnosticados de sexo masculino e apresentaram uma idade mediana de 31 anos. As infeções associadas ao consumo de drogas injetadas constituíram 2,3% dos novos diagnósticos em que é conhecida a via de transmissão. Foram ainda notificados 227 novos casos de SIDA e 261 óbitos ocorridos em 2018 em casos de infeção por VIH ou SIDA;
- A análise das tendências temporais da epidemia nacional revela, para a última década, uma descida de 46% no número de novos diagnósticos de infeção por VIH e de 67% nos casos que atingiram o estádio SIDA. As tendências recentes revelam ainda um aumento da proporção de casos do sexo masculino, bem como da idade mediana ao diagnóstico, excetuam-se os casos de HSH, que ocorrem com maior frequência em jovens;
- As estimativas revelaram que no final de 2017 viviam em Portugal 39820 pessoas com infeção por VIH, 7,8% das quais não estavam diagnosticadas, valor que entre os heterossexuais homens ascende a 13,9%. O diagnóstico precoce é um desígnio da estratégia nacional e em 2018 foram realizados mais de 50.000 testes rápidos em diferentes estruturas de saúde e organizações de base comunitária, mais 28% que no ano transato. Mantém-se também a aposta na disponibilização de meios de prevenção e de redução de riscos, tendo sido distribuídos mais de 5 milhões de preservativos e de um milhão de seringas no ano passado.
Consulte o relatório em acesso aberto aqui.
