Childhood Obesity Surveillance Initiative: COSI Portugal – Relatório 2022
27-06-2023
No âmbito das atividades desenvolvidas no COSI Portugal – Sistema de Vigilância Nutricional Infantil do Ministério da Saúde, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), na sua qualidade de Centro Colaborativo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Nutrição e Obesidade Infantil, disponibiliza o Relatório do COSI Portugal 2022. O documento analisa, em detalhe, os resultados da 6ª ronda do COSI Portugal, realizada no ano letivo 2021/2022, caracterizando o estado nutricional infantil das crianças portuguesas em idade escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico, dos 6 aos 8 anos.
O COSI Portugal está integrado no Childhood Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa e visa produzir dados comparáveis entre países europeus e monitorizar a obesidade infantil a cada 3 anos. Até ao momento decorreram seis rondas (1ª: 2008; 2ª: 2010; 3ª: 2013; 4ª:2016; 5ª: 2019 e 6ª: 2022). O COSI Portugal 2022 foi implementado ao nível regional, em articulação com as Administrações Regionais de Saúde (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve) e Direções Regionais de Saúde dos Açores e da Madeira, constituindo-se como uma rede sistemática de recolha, análise, interpretação e divulgação de informação descritiva sobre o estado nutricional infantil de crianças portuguesas em idade escolar do 1º Ciclo EB.
Para além da monitorização da prevalência de excesso de peso e de obesidade infantil, a 6ª ronda do estudo COSI incluiu, excecionalmente, um estudo (COSI/COVID-19) de avaliação do impacto da pandemia por SARS-CoV-2/COVID-19 no estado nutricional e nos comportamentos associados ao estilo de vida de crianças em idade escolar. Este estudo, realizado em 43000 famílias de 13 países da Europa, sob a liderança científica do INSA em colaboração com o Gabinete Europeu da OMS para a Prevenção e Controlo de Doenças Crónicas Não-Transmissíveis, teve como objetivo conhecer e compreender o impacto da pandemia nas rotinas diárias, bem-estar, hábitos alimentares, de atividade física, comportamentos sedentários, saúde mental, estatuto socioeconómico das famílias e perceção do estado nutricional das crianças.
Dos resultados nacionais da 6ª ronda do COSI Portugal (2022), destaca-se o seguinte:
- Participação: No ano letivo de 2021/2022, 8018 crianças das escolas do 1º ciclo do ensino básico português, foram convidadas a participar no estudo, das quais 6205 foram avaliadas (50,0% raparigas) nas 226 escolas participantes;
- Estado nutricional infantil: Em 2021/2022, a prevalência de baixo peso foi de 1,6%, a prevalência de excesso de peso (pré-obesidade + obesidade) foi de 31,9% e destes 13,5% apresentavam obesidade infantil;
- Estado nutricional infantil por região: A região do Algarve foi a que apresentou menor prevalência de excesso de peso (27,7%) e obesidade infantil (11,5%). A região dos Açores foi a que apresentou maior prevalência de excesso de peso (43,0%) e obesidade infantil (22,8%);
- Comparação entre fases: Entre 2008 e 2019, Portugal apresentou consistentemente uma tendência invertida da prevalência de excesso de peso e obesidade infantil. Em 2022 esta tendência parece não se confirmar, tendo-se registado um aumento de 2,2 pontos percentuais (pp) na prevalência de excesso de peso infantil, de 2019 para 2022 (2019: 29,7% para 2022: 31,9%) e de +1,6 pp de obesidade infantil (2019: 11,9% para 2022:13,5%), comparativamente ao período entre 2008 e 2019 onde se verificou uma redução de 8,2 pp na prevalência de excesso peso infantil (2008:37,9% para 2019: 29,7%) e de obesidade infantil de 15,3% em 2008 para 11,9% (menos 3,4 pp) em 2019;
- Primeiro ano de vida: A nível nacional, foi reportado que 90,1% das crianças tinham sido amamentadas, sendo a região dos Açores a que reportou a menor frequência (73,8%) e o Algarve a que reportou maior número de crianças amamentadas (92,7%). Relativamente à duração do aleitamento materno exclusivo, verificou-se que 21,8% das crianças foram amamentadas durante 6 meses ou mais. LVT foi a região do país onde se registou uma maior percentagem de crianças que foram amamentadas exclusivamente num período igual ou superior a 6 meses (23,4%);
- Hábitos alimentares das crianças: As crianças portuguesas reportaram consumir diariamente leite magro ou meio gordo (67,0% vs 4,5% de leite gordo). O consumo diário de carne foi mais frequente (32,3%) do que o consumo de peixe (20,6%). Relativamente ao consumo de hortofrutícolas, o consumo diário de fruta foi mais frequente (71,2%) do que de legumes (69,0%). 24,1% das crianças consome quatro ou mais vezes por semana snacks doces (biscoitos/bolachas doces, bolos, donuts) e 72,4% fá-lo até três vezes por semana. Na mesma frequência, 69,1% das crianças avaliadas consome refrigerantes açucarados, sendo que 15,1% faz um consumo de quatro ou mais vezes por semana;
- Atividade física e comportamentos sedentários: A maioria das crianças (69,2%) iam de automóvel para a escola, verificando-se um cenário semelhante no regresso a casa (65,2%). Durante a semana a maioria das crianças brincava diariamente fora de casa uma hora (33,5%) ou duas horas (30,5%), tendo sido a região do Algarve a que obteve uma maior percentagem (32,3%) de crianças a brincar três ou mais horas por dia fora de casa. Durante o fim de semana, mais de metade (64,4%) brincava cerca de três ou mais horas por dia fora de casa. No que diz respeito ao tempo que as crianças despendiam a jogar no computador, observou-se que durante a semana cerca de metade (47,5%) utilizava o computador cerca de uma hora por dia. Durante o fim de semana observou-se um aumento de horas despendidas no computador para duas horas ou mais por dia. A grande maioria das crianças (98,3%) dormia mais de nove horas por dia;
- Ambiente escolar: Todas regiões reportaram disponibilizar aulas de educação física no currículo escolar em todas as escolas em estudo. A maioria das escolas (94,2%) reportou incluir nos seus conteúdos programáticos, aulas ou projetos de educação alimentar, destacando-se a região do Algarve onde estes projetos foram incluídos em todas as escolas (100,0%). Os alimentos mais disponibilizados dentro do recinto escolar foram o leite simples e/ou iogurte (97,7%), a água (94,5%) e a fruta fresca (72,2%).
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