Peça do Mês

Iniciativa que destaca, mensalmente, uma peça do acervo, tendo por objetivo evidenciar temas e tipologias de objetos com elevado valor histórico e científico.

Ano


ABRIL 2023
Estojo Aerómetro. N.º inventário: MS.01009.


MARÇO 2023
Escultura Busto de Sousa Martins. N.º inventário: MS.00100.


FEVEREIRO 2023
Pintura “D. António de Lancastre”, 1912. N.º inventário: MS.00025.


JANEIRO 2023
Selo antituberculoso “Assistência Nacional aos Tuberculosos 1929”. N.º inventário: MS.02130.

  • Mala. N.º de inventário: MS.00358

    Título: Mala com acessórios para recolha de insetos
    Data: Instituto de Malariologia, 1940-1950

    Mala utilizada nas saídas de campo no âmbito do estudo da Malária, realizado pelo Instituto de Malariologia (Águas de Moura). No interior levava o equipamento destinado à recolha de insetos: frasco com clorofórmio; frasco com álcool 90º; pinça; lupa; lápis e esferográficas; borracha; rolos de fita-cola; caixas metálicas e caixa de vidro para acondicionamento de insetos; tubo de ensaio; lanterna e lâmpadas suplentes; apontamentos de controlo de lançamento de DDT e efeitos sobre o anopheles.

    A coleção da Malária do Museu da Saúde integra o espólio do antigo Instituto de Malariologia de Águas de Moura, criado em 1938 e cuja ação foi crucial para o processo de erradicação da Malária em Portugal. Integrando diferentes tipologias de objetos, a coleção permite entender o papel do Instituto nas vertentes de investigação, formação e proteção das populações.

    A peça do mês de abril de 2018 destaca um objeto da coleção da Malária do Museu da Saúde, juntando-se assim às comemorações do Dia Mundial da Malária, celebrado a 25 de Abril. Este objeto pode ser visto na exposição “800 Anos de Saúde em Portugal“, mostra que esboça um panorama cronológico e compreensivo da história da saúde em Portugal, desde a fundação da nacionalidade até à atualidade.

  • Atomizador. N.º de inventário: MS.03806.

    Proveniência: Coleção Portuguesa de Anestesia Dr. Avelino Espinheira

    Atomizador, dito “DeVilbiss”, criado para aplicação em spray de soluções medicamentosas ou anestésicas no nariz e garganta, de forma direcionada, evitando métodos mais invasivos no tratamento de rinopatias ou outras patologias da via aérea.

    O Modelo 15, aqui apresentado, foi desenvolvido por Allen DeVilbiss (1841-1917), otorrinolaringologista no Ohio (EUA) conhecido por ter criado o primeiro atomizador (ou vaporizador) do mundo para uso médico, no último quartel do século XIX.

    O sucesso da sua invenção permitiu a DeVilbiss reformar-se da prática médica, em 1890, e dedicar-se à produção deste e de outros instrumentos médicos através da DeVilbiss Manufacturing Company (Toledo, Ohio).

  • Escarrador público. N.º de inventário: MS.00036.

    Proveniência: Instituto Central de Higiene

    Escarrador de cobre e zinco, modelo da Assistência Nacional aos Tuberculosos (ANT), objeto cilíndrico de metal, com um reservatório em cerâmica, pertencente ao antigo Instituto Central de Higiene, atualmente Instituto Nacional de Saúde Pública Doutor Ricardo Jorge.

    Estes objetos, de dimensões e formatos diferentes, tornaram-se comuns no final do século XIX especialmente nos edifícios públicos. O seu aparecimento acontece no contexto das medidas preventivas para limitar o contágio da tuberculose, doença endémica em Portugal de morbilidade e mortalidade avassaladoras.

    De facto, as últimas descobertas na área da microbiologia, nomeadamente a identificação do microrganismo (Mycobacterium tuberculosis) responsável pela doença, por Robert Koch, em 1882, e o entendimento das fórmulas de contágio pela expetoração, permitiram encetar estratégias higiosanitárias de combate. O isolamento dos doentes, as curas pelo clima, o repouso, as dietas ricas constituíram as primeiras tentativas de tratamento e de contenção do contágio.

    Também a proibição de escarrar para o chão, com legislação aprovada em 1902, constituiu uma dessas medidas de saúde pública em Portugal. A mesma lei tornou ainda obrigatório a existência de escarradores nos edifícios públicos, e é nesse contexto que surgem objetos como o Escarrador Público do Museu da Saúde.

     

  • Conjunto de estetoscópios. N.º de inventário: MS.AE.100 e MS.AE.101.

    Estetoscópios provenientes do espólio do antigo Museu da Anestesia/coleção Dr. Avelino Espinheira, a qual retrata a história e a prática da anestesia nos contextos nacional e internacional.

    Estes dois estetoscópios de madeira apresentam o auricular em forma de disco plano e ligeiramente côncavo no interior, formato desenvolvido a partir do modelo criado por Pierre Piorry (1794-1879), em 1829.

    Contudo, o estetoscópio foi inventado alguns anos antes, em 1816, pelo médico René Laennec (1781-1826). O médico francês criou um dispositivo que consistia num sistema amplificador de som, interposto entre o corpo do paciente e o ouvido do médico, permitindo a auscultação precisa.

    Este dispositivo de Laennec consistia num simples cilindro de madeira monoaural. Pensa-se que o médico terá desenvolvido o estetoscópio naturalmente para facilitar a auscultação, mas também para evitar ao médico e às pacientes o encosto do ouvido ao peito das mulheres, situação desconfortável para o decoro da época.

  • Estojo de colheita e transporte de insetos vetores infetados. N.º de inventário: MS.00405.

    Estojo composto por sete peças para acondicionamento de insetos, utilizado nos estudos de entomologia no antigo Instituto de Malariologia (Águas de Moura). Fornecido pela Organização Mundial de Saúde na década de 1940, apresenta a seguinte legenda: “World Health Organization Kit for the Collection and Shipment of Pathogens and parasites of diseased vectors”.

    Criado em 1938, o Instituto de Malariologia foi organizado em três grandes áreas de atuação – investigação, formação e proteção das populações – com o objetivo de combater a malária. Em 1973, passa para a administração do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e, desde 1993, tem a designação de Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas (CEVDI).

    O espólio laboratorial, entomológico e documental do antigo Instituto foi preservado por ação do Prof. Armindo Filipe, diretor do CEVDI entre 1987 e 2002, e posteriormente integrado na coleção do Museu da Saúde.

     

  • Estojo Aerómetro. N.º inventário: MS.01009.

    Fabricante: Dr. Peter & Rost

    Estojo com o seguinte conjunto de objetos: dezanove areómetros, instrumento científico atualmente designado por densímetro e utilizado para medir a densidade de um líquido; um termómetro de mercúrio e um recipiente de vidro com base de metal.

    Este equipamento pertenceu à coleção do Museu de Higiene, criado em 1902, sob a tutela do Instituto Central de Higiene (1899). Em funcionamento até 1952, com um acervo de perto de 1072 objetos, o Museu serviu, durante meio século, para a formação prática dos cursos de medicina e engenharia sanitárias, tendo também estado regularmente aberto ao público.

    Votado ao abandono e à dispersão, do acervo inicial do Museu de Higiene sobrevivem 65 objetos e 3 inventários manuscritos nas coleções do Museu da Saúde. Alguns desses objetos podem ser visitados na exposição “800 Anos de Saúde em Portugal”.

     

  • Cartaz. Nº de inventário: MS.03499.

    Dimensões: 32 x 43 cm

    Cartaz editado, em 1985, pela Fundação Portuguesa de Cardiologia, em colaboração com o Conselho de Prevenção do Tabagismo. Este cartaz faz parte de uma aventura aos quadradinhos na qual o Super-Homem derrota o vilão Nick O-Tin, publicada inicialmente pela DC Comics ©, em 1981.

    O Super-Homem, ao mesmo tempo que transporta pelos ares Nick O’Tin, vai transmitindo a sua mensagem: “Os cigarros fazem-lhe manchas nos dentes, dão mau hálito e deixam mau cheiro na roupa”; “Ele não me pode fugir. Fuma tanto que até arqueja como um motor avariado”; “Nick O’Tin é um farrapo. Se tivesse visão de Raios-X como eu, poderia ver o mal que os cigarros fazem ao coração e aos pulmões”.

    Antes da era digital, as campanhas de saúde pública utilizavam suportes como a Banda Desenhada para levar a sua mensagem ao maior número de pessoas. O cartaz faz parte da mais recente doação do Prof. Doutor José Pereira Miguel ao Museu da Saúde.

  • Fotografia. N.º de inventário: MS.02948.

    Título: Appareil de désinfection circulaire
    Data: Início do século XX
    Fabricante: Oscar Schimmel & Co, Chemnitz (Alemanha)
    Medidas: L. 16,20 cm x C. 23,00 cm

    Fotografia de uma estufa de desinfeção (autoclave), aparelho do início do século XX fabricado por Oscar Schimmel & Co. em Chemnitz (Alemanha) e distribuído em Portugal pela B. Markert & Co. com representação em Lisboa.

    Na cartolina de suporte à fotografia encontra-se manuscrito a identificação do objeto “Appareil de désinfection circulaire”, como era designado à época. No verso da cartolina surge, a grafia preta, a curiosa inscrição que remete para um assunto confidencial: “Ao Exm. Senhor João José Garrana/ Confidencial/ Prof. [?]”.

    As autoclaves foram desenvolvidas por Louis Pasteur (1822-1895) e Charles Chamberland (1851-1908), seu assistente, e constituem os primeiros esterilizadores. Utilizavam vapor de água sob pressão e eram capazes de ultrapassar os 120ºC eliminando dessa forma as bactérias resistentes a temperaturas inferiores.

     

  • Cartaz “O Leite de Peito é o Melhor”. N.º de inventário: MS 196/2019.

    Proveniência: Unidade de Observação e Vigilância do Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

    Cartaz produzido para as campanhas de incentivo à amamentação promovidas pelos Ministérios da Saúde e da Informação, possivelmente de Moçambique.

    O cartaz foi doado ao Museu da Saúde pela Unidade de Observação e Vigilância do Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA, a qual se dedica à avaliação dos benefícios ou riscos para a saúde, associados à alimentação.

    A escolha desta peça está relacionada com a Semana Mundial do Aleitamento Materno, que se assinala de 1 a 7 de agosto. A data evoca a Declaração Innocenti, assinada pela OMS e pela Unicef, em agosto de 1990, comprometendo-se a proteger, promover e apoiar o aleitamento materno de modo a fomentar a saúde dos recém-nascidos de todo o mundo.

     

  • Caixa de sulfato de quinina em comprimidos. N.º de inventário: MS.00518.

    Proveniência: Instituto de Malariologia (Águas de Moura).

    Caixa de sulfato de quinina em comprimidos, distribuída pelos Serviços Anti-Sezonáticos da Direção-Geral da Saúde, criados em 1933 sob a direção de Fausto Landeiro (1896-1948). Trata-se de um alcaloide de origem vegetal e com pH alcalino proveniente da casca da quina, com propriedades antipiréticas e analgésicas.

    Utilizado na profilaxia e tratamento da malária pelos nativos das regiões do atual Perú e Bolívia, foi difundido pelo mundo ocidental no século XVI, na sequência da ocupação espanhola da América Central e da instalação de missões jesuítas nessa área geográfica.

    O objeto é proveniente do antigo Instituto de Malariologia (Águas de Moura). Criado em 1938 para eliminação da Malária em Portugal, centrou a sua ação na investigação dos agentes causadores da doença e dos vetores de transmissão, no diagnóstico, no tratamento das populações infetadas e na organização de campanhas de prevenção e sensibilização.

     

  • Cartaz. N.º de inventário: MS.01797.

    “O mundo inteiro quer ser vacinado com o B.C.G.”
    Mário Neves, 1923-2008

    Cartaz “O mundo inteiro quer ser vacinado com o B.C.G.” de autoria de Mário Neves, antigo enfermeiro da Companhia Colonial de Navegação que, posteriormente, se dedicou à ilustração e criação de filmes de animação para campanhas publicitárias.

    Criado na década de 1950, o cartaz integra um conjunto encomendado pelo Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos (I.A.N.T.), com o objetivo de divulgar regras de profilaxia e rastreio da tuberculose pulmonar, noções de etiqueta respiratória e de incentivar à vacinação.

    A imagem deste cartaz ilustra o painel introdutório da exposição do Museu da Saúde que integra a atividade “Cultura no Centro”, iniciativa do Centro Colombo, patente até dia 15 de agosto, em Lisboa.

     

  • Aparelho de estilopatia. N.º de inventário: MS.02633.

    Inventor: Dr. Sermet.

    Aparelho de estilopatia, desenvolvido pelo Dr. Sermet, cirurgião da Marinha Imperial francesa no século XIX. O procedimento era realizado pelo derivador, cilindro com trinta agulhas metálicas e cabo de madeira, que efetuava punções múltiplas na pele. Após este procedimento, seria aplicado um óleo sobre a superfície perfurada. As punções poderiam ter maior ou menor profundidade, mediante o órgão ou zona do corpo a tratar.

    A terapia deveria ser realizada de nove em nove dias e acompanhada por tomas regulares de magnésio e pela aplicação de enemas, para potenciar os efeitos da estilopatia. De modo a evitar a transmissão de doenças entre os pacientes o médico aconselhava o uso individual do aparelho. Segundo Sermet, esta técnica era eficaz no tratamento de doenças agudas como anginas, cefaleias, inflamações e hemorroidas, aliviando os sintomas.

    Atualmente, este procedimento é utilizado no contexto de tratamentos estéticos. Designado de microagulhamento, pretende provocar uma resposta inflamatória na pele e estimular a produção de colagénio novo para minimizar rugas e flacidez.

     

  • Filatelia. N.º de inventário: MS.02965.

    Ilustrador: John Gibbs
    Impressão: Harrison & Sons Ltd

    Medidas: Alt. 11,50cm x Larg. 21,60cm
    Doação do Dr. Germano de Sousa

    Envelope do The International Year of Disabled People (1981) (Ano Internacional das Pessoas com Deficiência – 1981), proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1976, com o objetivo de criar um plano internacional para a igualdade de oportunidades, reabilitação e prevenção de deficiências.

    No envelope encontra-se um conjunto de quatro selos, de autoria de John Gibbs, criados especificamente para a comemoração do Ano Internacional das Pessoas com Deficiência (1981). Da esquerda para a direita encontramos os selos que refletem alguns dos temas propostos pelas Nações Unidas para debate naquele ano: “Mouth and Foot Artists”, “The Wheelchair”, “Sign Language” e “Guide Dogs”.

    A escolha deste conjunto de selos para peça do mês de dezembro relaciona-se com o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado a 3 de dezembro, salientando-se a necessidade de todas as instituições, incluindo os Museus, de pensarem os seus espaços e programações de modo a serem acessíveis a todos os cidadãos.

    O conjunto de envelope e selos integra a vasta coleção de filatelia do Museu da Saúde, composta por selos nacionais e internacionais, dedicados a temáticas da saúde.

  • Folheto: SIDA. O que todos devem saber. N.º de inventário: MS.02338.

    Folheto SIDA. O que todos devem saber, editado pelo Ministério da Saúde possivelmente no final da década de 1980 ou início dos anos 90, no âmbito de campanhas dedicadas à educação para a saúde. O folheto apresenta textos explicativos, dedicados aos seguintes temas: “O que é a Sida”; “Como se transmite o vírus”; “Como pode proteger-se”; “Não corre perigo”. Este desdobrável foi distribuído no território nacional com o objetivo de informar a população portuguesa sobre as vias de transmissão e os modos de prevenção da doença.

    A necessidade de medidas de sensibilização da população mantém-se atual, se nos determos nos dados mais recentes sobre a infeção VIH e SIDA. Em Portugal, entre 1983 e 2017 foram diagnosticados 57.913 casos de infeção por VIH (vírus da imunodeficiência humana), dos quais 22.102 atingiram estádio de SIDA (síndrome de imunodeficiência adquirida). Pese embora as taxas de novos diagnósticos de infeção por VIH e de incidência de SIDA apresentarem uma tendência decrescente, o nosso país continua a deter das mais elevadas da União Europeia.

    De acordo com o mais recente relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (novembro de 2018) foram diagnosticados 1.068 novos casos de infeção por VIH no ano de 2017. A maioria registou-se em indivíduos do sexo masculino (72,0%) e a maior taxa de novos diagnósticos (24,8 casos/100 mil habitantes) observou-se no grupo etário dos 25-29 anos. O mesmo relatório aponta que “em 98,1% dos casos a transmissão ocorreu por via sexual […] e as infeções associadas ao consumo de drogas injetadas constituíram 1,8% dos novos diagnósticos em que é conhecida a via de transmissão”. No que concerne à transmissão por via sexual, 59,9% referem-se a relações heterossexuais e 38,3% a relações HSH (homens que fazem sexo com outros homens).

    Neste contexto, a epidemia por VIH e SIDA constitui um grande desafio para a Saúde Pública no país. A educação para a redução de comportamentos de risco, as intervenções ao nível da prevenção e as estratégias de diagnóstico precoce serão fundamentais para o debelar da doença.

    A escolha deste folheto está relacionada com o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala a 1 de dezembro.

     

  • Carro do Posto de Desinfeção Pública de Lisboa [modelo]. N.º de inventário: MS.01599.

    Proveniência: Museu de Higiene

    Modelo de carro do Posto de Desinfeção Pública de Lisboa, em madeira, utilizado para transporte de material de desinfeção. Movido a tração animal, apresenta bancos no topo que permitia o transporte dos funcionários do referido Posto.

    Construído em 1894, nos terrenos da cerca do Convento das Francesinhas, junto ao Palácio de S. Bento, o Posto tinha como atribuição a desinfeção de todos os materiais, habitações e outros locais em contacto com doentes infetados com doenças de declaração obrigatória (febre tifoide, tifo exantemático, tuberculose, peste, cólera, entre outras doenças infeciosas e/ou epidémicas), apostando assim na higiene pública para combate às doenças infeciosas.

    O modelo pertenceu à coleção do Museu de Higiene (fundo antigo do Museu da Saúde), criado em 1902, sob a tutela do Instituto Central de Higiene. Em funcionamento até 1952, com um acervo de perto de 1072 objetos, o Museu serviu, durante meio século, para a formação prática dos cursos de medicina e engenharia sanitárias promovidos pelo Instituto Central, tendo também estado regularmente aberto ao público. Votado ao abandono e à dispersão, do acervo do Museu de Higiene sobrevivem 65 objetos e 3 inventários manuscritos nas coleções do Museu da Saúde

    Pode visitar este objeto na exposição 800 Anos de Saúde em Portugal – Museu da Saúde

  • Caixa de transporte de equipamentos de desinfeção. N.º de inventário: MS.00141.

    Proveniência: Museu de Higiene/Instituto Central de Higiene.

    Mala de transporte de equipamentos de desinfeção, em zinco, proveniente do Instituto Central de Higiene, criado em 1899 nomeadamente para apoio aos serviços nacionais de fiscalização sanitária, para promoção do ensino da medicina sanitária e para realização de análises laboratoriais.

    Este equipamento pertenceu à coleção do Museu de Higiene (fundo antigo do Museu da Saúde), criado em 1902, sob a tutela do referido Instituto Central. Em funcionamento até 1952, com um acervo de perto de 1072 objetos, o Museu serviu, durante meio século, para a formação prática dos cursos de medicina e engenharia sanitárias, tendo também estado regularmente aberto ao público.

    Votado ao abandono e à dispersão, do acervo do Museu de Higiene sobrevivem 65 objetos e 3 inventários manuscritos nas coleções do Museu da Saúde. Pode visitar este objeto na exposição “800 Anos de Saúde em Portugal” – Museu da Saúde.

  • Modelo de ventilador. N.º de inventário: MS.00173.

    Produção: Thomas & William Farmiloe Ltd.

    Modelo de chaminé de ventilação, criado pela companhia inglesa C. Kite & Co. Apresenta base cúbica, com diversas aberturas nas várias faces, encimada por uma forma cónica.

    Os conhecimentos de microbiologia, alcançados no século XIX, permitiram compreender a origem de várias endemias e pandemias caudadas por infeções de transmissão aérea. No âmbito das medidas sanitárias desenvolvidas à época, foram criados diferentes modelos de ventiladores para arejamento dos espaços e que permitiam a entrada de ar em ambientes fechados, procurando, deste modo, tornar os espaços mais salubres.

    O presente modelo pertenceu à coleção do Museu de Higiene (fundo antigo do Museu da Saúde), criado em 1902, sob a tutela do Instituto Central de Higiene, atual Instituto Nacional de Saúde Pública Doutor Ricardo Jorge (INSA).

    Em funcionamento até 1952, com um acervo de perto de 1072 objetos, o Museu de Higiene serviu, durante meio século, para a formação prática dos cursos de medicina e engenharia sanitárias promovidos pelo Instituto Central, tendo também estado regularmente aberto ao público. Votado ao abandono e à dispersão, do acervo do Museu de Higiene sobrevivem 65 objetos e três inventários manuscritos nas coleções do Museu da Saúde.

     

  • Painel de azulejos “A Ciência ao Serviço da Saúde” (1972).

    Autoria: Querubim Lapa (1925-2016)
    Dimensões: A.240cm x C.675cm

    Painel de azulejos encomendado pelo arquiteto António Pardal Monteiro (1928-2012), autor do projeto arquitetónico do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a Querubim Lapa (1925-2016) para o átrio principal do edifício-sede do INSA, em Lisboa, concluído em 1973.

    Com o título “A Ciência ao Serviço da Saúde” o painel cerâmico remete a composição para a missão do Instituto na linguagem plástica singular de Querubim Lapa: formas orgânicas e tentaculares que lhe dão modernidade bem como uma estética classicista das figuras humanas. Uma remete para o Homem de Vitrúvio e outra lembra as esculturas da Antiguidade Clássica.

    Ao centro destaca-se uma figura humana estilizada enquadrada num esquema compositivo espiralado, o qual tem o seu centro num sistema de vazos comunicantes, remetendo simbolicamente para a investigação científica sobre o corpo humano. A ladear esta figura, encontram-se representações gráficas de anéis aromáticos, fórmulas químicas, células e estruturas moleculares. Do lado esquerdo, é representada uma outra figura humana junto a um microscópio e toda a composição remete para a atividade científica e laboratorial desenvolvida no INSA. O painel é constituído por placas relevadas onde o autor utilizou técnicas tradicionais com elementos enxaquetados, com arestas vivas e salientes, conferindo volumetria ao painel.

    Foi no campo da cerâmica que Querubim Lapa encontrou maior reconhecimento, tendo um papel destacado na evolução da cerâmica decorativa e arquitetónica em Portugal. A sua formação passou pela Escola de Artes Decorativas António Arroio e pelo curso superior de Escultura na Escola de Belas-Artes de Lisboa. A sua atividade como ceramista iniciou-se em 1945, ano em que colaborou com Lino António na realização dos painéis da Via Sacra do Santuário de Fátima. Em 1956, iniciou a sua atividade de docência na Escola António Arroio.

  • Pintura. N.º de inventário: MS.00021

    Autor: Jaime Augusto Murteira (1910-1986)
    Data: 1925
    Coleção: Tuberculose

    Pintura a óleo sobre tela, de uma ruela com edifícios, à esquerda e à direita da imagem, que recortam um céu azul, em segundo plano. À direita, veem-se três figuras humanas junto a uma escadaria de acesso ao edifício. Nesta obra emprega manchas espatuladas espessas, com as quais constrói as figuras.

    Trata-se de uma pintura de Jaime Augusto Murteira, de 1925, pintor que se dedica sobretudo a paisagens rurais e do litoral. Inicia a sua formação oficial da Sociedade Nacional de Belas-Artes, em 1942, tornando-se discípulo de Frederico Aires e de António Saúde. Em 1954, obteve a primeira medalha em pintura daquela Sociedade e, mais tarde, o prémio Silva Porto do Secretariado Nacional de Informação (SNI).

    Pintor que integra tardiamente o Naturalismo, destaca-se pelas paisagens outonais e melancólicas do Ribatejo e pelas rústicas ruas de aldeias minhotas. Parte destas obras integram a coleção do Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha.

  • Aparelho de eletroterapia. N.º de inventário: MS.03852.

    Aparelho desenvolvido em 1875 por Charles Chardin (1850-1931), engenheiro-construtor de aparelhos elétricos com fins terapêuticos. Consiste numa caixa de bateria, de dezasseis elementos, a qual permitia a realização de tratamentos por galvanização, isto é, pelo uso de uma corrente elétrica contínua ou galvânica que, através de vários terminais de elétrodos, realizava descargas de baixa intensidade no corpo do paciente.

    O método da eletroterapia conheceu forte expansão na comunidade médica do final do século XIX. Nesse contexto, e segundo Charles Chardin, as doenças consistiam em distúrbios da circulação sanguínea, os quais seriam tratados pela aplicação de eletricidade, adaptada à sensibilidade de cada paciente. Com base nesse pressuposto, e apesar de não ter formação médica, Chardin desenvolveu o método E.C.V. (eletro-cinético vascular) que consistia na aplicação de uma tensão entre as diferentes partes do corpo, atuando na circulação do sangue, da linfa e do protoplasma, curando, dessa forma, as doenças.

    Com este método Chardin pressupunha conseguir a cura da paralisia e epilepsia, a reparação muscular após o exercício e o tratamento dos sintomas da gripe, da flatulência, da asma, da febre, das cólicas menstruais, dos tumores, dos cancros, da gangrena, da anemia, da obesidade, entre muitas outras enfermidades.

     

  • Frasco de mergulho. N.º de inventário: MS.01801.

    Proveniência: Doação do Departamento de Saúde Ambiental do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

    Frasco de mergulho em vidro utilizado para colheita de amostras de água em reservatórios no âmbito das práticas de fiscalização sanitária do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
    Desde a sua criação, em 1899, que o Instituto integra na sua missão o apoio aos serviços de fiscalização sanitária.

    O primeiro Regulamento do então designado Instituto Central de Higiene, datado de 16 de março de 1912, apontava como uma das suas incumbências “praticar as análises de bacteriologia sanitária como sejam as das águas potáveis, géneros alimentícios e outras demandadas pela técnica sanitária”.

    Ao longo dos anos, o Instituto manteve como uma das suas vocações primordiais o apoio dos serviços de fiscalização, organizando-se internamente para dar uma resposta efetiva e eficaz.

    Em 1929, estrutura os serviços de Química Sanitária e de Bacteriologia Sanitária (Decreto 16944, de 1929-06-11), mantendo estes departamentos laboratoriais até 1972. Nesse ano, e já com a designação de Instituto Nacional de Saúde, passa a organizar-se em departamentos, entre os quais o dedicado à Higiene e Saneamento do Meio Ambiente (Decreto 35/72, de 1972-01-31).

    Em 1993, o departamento passará a designar-se Departamento de Saúde Ambiental e Toxicologia (Decreto-Lei n.º 307/93, de 1993-09-01). Atualmente, mantém as suas competências de fiscalização sanitária através do Departamento de Saúde Ambiental.

  • Aparelho de colapsoterapia. N.º de inventário: MS.00035.

    O aparelho de colapsoterapia foi inventado pelo médico italiano Carlo Forlanini (1847-1918). A técnica consistia em injetar um gás entre a pleura e o pulmão de forma a colapsá-lo.

    Este tratamento baseava-se na ideia de que uma das razões porque a tuberculose pulmonar era tão difícil de tratar, se devia ao facto de os pulmões estarem permanentemente em movimento e, desta forma, o órgão doente não conseguir o repouso necessário para as lesões se curarem por elas próprias.

    O aparelho pertence à coleção de Tuberculose do Museu da Saúde, constituída por objetos provenientes da Assistência Nacional aos Tuberculosos, fundada em 1899 e a qual desempenhou um papel fundamental na prevenção da doença.

  • Odysseia dos Tysicos, 1906. N.º de inventário: MS.02125.

    A Odysseia dos Tysicos consta de um livro partituras de músicas para piano e canto, composição de Raul Pereira sobre versos de poetas portugueses vítimas de tuberculose. Editado em 1906, foi dedicado à Rainha D. Amélia e o produto das vendas destinado à Assistência Nacional aos Tuberculosos (ANT).

    O livro é composto por cinco poemas e respetivas partituras – “A Jesus Crucificado”, de Guilherme Braga; “Soneto” e “O teu retrato”, de António Nobre; “De tarde”, de Cesário Verde; “A caveira”, de José Duro.

    A Odysseia foi executada em 1906 no Teatro Gil Vicente (Cascais), num concerto de grande sucesso promovido pelo pianista Alexandre Rey Colaço, no qual o compositor Raul Pereira acompanhou a voz de Laura Wake Marques.

    Raul Pereira à época contava 21 anos e acabava de chegar a Lisboa depois de ter concluído os seus estudos musicais na Universidade das Artes de Berlim. Na Alemanha notabilizou-se no Conservatório Imperial e integrou um conjunto restrito de alunos selecionados para tocar na inauguração da Catedral de Berlim (1905), evento organizado pelo imperador Guilherme II.

  • Pintura “D. António de Lancastre”, 1912. N.º inventário: MS.00025.

    Autor: António Carneiro (1872-1930)

    Retrato a óleo de D. António de Lancastre (1857-1941), médico da Família Real. A sua proximidade à Casa Real, levou-o a ter um papel preponderante como conselheiro da Rainha D. Amélia na criação de instituições de beneficência. Dessa forma, orientou, nomeadamente, a criação do Dispensário da Rainha para Crianças Pobres (1893, Alcântara) bem como da Assistência Nacional aos Tuberculosos (A.N.T.), criada pela monarca em 1899, e da qual foi o primeiro diretor.

    A pintura é de autoria de António Carneiro (1872-1930), artista com formação em Desenho, Escultura e Pintura na Academia de Belas-Artes do Porto. Carneiro foi o único pintor português do simbolismo. Pintou interiores, cenas familiares, cenas religiosas e paisagens, mas dedicou-se sobretudo ao retrato, onde explorou a captação da espiritualidade e sentimento do modelo, ficando por isso conhecido como o “retratista das almas”.

  • Metrónomo. N.º de inventário: MS.00963.

    Medidas: Alt. 24,00cm x Larg. 11,00cm x Prof. 11,00cm
    Coleção: Camilo Cardoso

    Fabricante: EAP – Établissements d´Applications Psychotechniques (França)
    Distribuidor: PSICO – Centro de Estudos e da Difusão em Psicologia, Lda. (Portugal)
    Incorporação: Doação da Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa

    Metrónomo, de caixa piramidal com base quadrangular. Contém um pêndulo constituído por uma haste com um peso móvel, fixa na parte inferior. Este, deslocando-se da direita para a esquerda, indica determinados andamentos. Com graduação numérica, a haste, tem variantes de andamentos de 40 a 208 BPM (batidas por minuto). Contém ainda uma chave para dar corda, na face lateral direita da pirâmide, uma vez que se move mecanicamente.

    Na face frontal do objeto apresenta duas etiquetas: “EAP / Ets D´Aplications Psychotecniques / 6, bis, Rue André Chénier / 92 – Issy-les-Moulineaux / France” e “Psico – Centro de Estudos e de Difusão em Psicologia, Lda. / aparelhos e teste psicotécnicos / R. Luís Pastor de Macedo, lote 29 – Lisboa 5”.

    Uma das finalidades desse artefacto era marcar o tempo, ou seja, o andamento da música, através de um clique auditivo. No contexto da coleção Camilo Cardoso, era utilizado no âmbito de testes psicotécnicos. Foi doado pela Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em abril de 2010.

  • Máquina de calcular. N.º de inventário: MS.1080.

    Máquina de calcular, modelo Facit ESA, produzida pela empresa sueca Facit AB, entre 1945 e 1950. De formato retangular, executa as operações de adição, divisão e multiplicação. O modelo ESA acrescentava a divisão e a multiplicação automáticas em relação aos modelos anteriores.

    A empresa Facit AB foi fundada em 1922 por Elof Ericsson (1887-1961) com o nome “AB – Åtvidabergs Industrier”, corporação industrial e fábrica de produtos de escritório com sede em Åtvidaberg, Suécia. Nesse mesmo ano de 1922, uma fábrica de calculadoras mecânicas, a Facit, foi adicionada à corporação, originando a Facit AB.

    Dez anos depois, iniciou-se a produção da FACIT, a primeira calculadora de dez dígitos que se tornou um grande êxito.

     

  • Pasta do Serviço Municipal de Saúde e Higiene. N.º de inventário: MS.00151.

    Proveniência: Doação de Victor Manuel da Silveira Machado Borges

    Pasta que pertenceu a Ricardo Jorge (1858-1939), utilizada pelo médico e sanitarista possivelmente enquanto médico municipal do Porto, cargo que ocupou entre 1891 e 1899. Neste último ano desempenhou um papel determinante nas eficientes operações profiláticas para eliminação da peste bubónica que assolou a cidade.

    Em outubro de 1899, é transferido para a cidade de Lisboa e nomeado Inspetor-geral de Saúde e, posteriormente, professor de Higiene da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Em 1903, é incumbido de organizar e dirigir o Instituto Central de Higiene, que passaria a ter o seu nome a partir de 1929.

    Pode visitar este objeto na exposição 800 Anos de Saúde em Portugal – Museu da Saúde.

  • Cartaz “Fui vacinado com o B.C.G”. N.º de inventário: MS.00075.

    Cartaz do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos (I.A.N.T.) dedicado à B.C.G., considerada a primeira vacina do século XX.

    Criada em 1921 pelos franceses Albert Calmette (1863-1933) e Camille Guérin (1872-1961), foi designada de Bacillus Calmette-Guerin (B.C.G.) e constituiu a primeira arma eficaz de prevenção da Tuberculose, doença de morbilidade e mortalidade devastadoras à época.

    O cartaz é de autoria do ilustrador Mário Neves (1923-2008) e integra um conjunto produzido em 1957 no contexto da campanha de profilaxia do I.A.N.T. para sensibilização da população.

    Pertence à coleção de Tuberculose do Museu da Saúde, a qual preserva a memória histórica do combate contra esta doença, em Portugal e no estrangeiro.

  • Colher de pedreiro. N.º de inventário: MS.00174.

    Fabricante: Weyersberg, Gebrüder (Alemanha).

    Colher de pedreiro utilizada na cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção da sede da Assistência Nacional aos Tuberculosos (ANT), ao Cais do Sodré (Lisboa), realizada a 10 de janeiro de 1904.

    No objeto lê-se a seguinte inscrição: “Com esta colher é que/ S.M. a RAINHA D. AMÉLIA assentou a/ primeira pedra acima do nível da rua, no edificio da ASSISTENCIA NACIONAL AOS/ TUBERCULOSOS”.

    O edifício de dois pisos foi projetado pelo arquiteto Rosendo Carvalheira (1861-1919) e albergou o Secretariado Geral, a Tesouraria e a Biblioteca da ANT, bem como um dispensário para tratamento de doentes tuberculosos.

  • Selo antituberculoso “Assistência Nacional aos Tuberculosos 1929”. N.º inventário: MS.02130.

    Selo antituberculoso “Assistência Nacional aos Tuberculosos 1929”, cuja venda revertia para a Assistência Nacional aos Tuberculosos (A.N.T.), instituição criada em 1899 para combate à doença.

    A iniciativa de encontrar uma nova fonte de receita para a Instituição portuguesa partiu da sua funcionária Irlinda Rebelo Santos que, a expensas suas, em 1928, mandou emitir 20 000 exemplares do selo, ilustrado com uma figura feminina representando a Ciência.

    O selo antituberculoso como fonte de receita para as instituições de combate à doença já existia noutros países. A sua origem remonta a 1904, ano em que o funcionário da estação de correios do Palácio Real de Copenhaga (Dinamarca), Einar Hoelboell, conhecedor do flagelo da tuberculose, iniciou a criação de um selo pela quadra do Natal, época de maior troca de correspondência.

    A partir de 1904, o selo antituberculoso manteve uma emissão periódica e de expansão mundial, contribuindo para as receitas das instituições bem como para divulgar mensagens de saúde pública.

    O Museu da Saúde detém uma coleção do selo antituberculoso, com exemplares nacionais e estrangeiros, num período cronológico de 1906 até à década de 2000.

  • Estojo de autópsias. Nº de inventário: MS.03552

    Dimensões: 36 x 22 x 7 cm

    Coleção de Anestesia Dr. Avelino Espinheira

    Estojo de autópsias, escolhido pelo Museu da Saúde para assinalar os 200 anos da morte do Dr. Manoel Constâncio (1726 – 1817), que se assinalam no dia 14 deste mês.

    Manoel Constâncio era oriundo de uma família modesta do Sardoal. Por morte do pai, e com apenas 12 anos, começa a trabalhar como barbeiro e sangrador da vila. Revelando grande aptidão para o ofício e facilidade de aprendizagem, em 1750 ingressa como praticante de cirurgia no Hospital Real de Todos-os-Santos, em Lisboa.

    A partir daí, ascende rapidamente na vida profissional e social, vindo a tornar-se um dos mais ativos cirurgiões da capital. Foi também responsável pela reestruturação do ensino da cirurgia ao considerar fundamental um conhecimento profundo da anatomia humana, implementando a necessidade de os alunos realizarem dissecções cadavéricas frequentes.

    O objeto do mês é uma caixa retangular, de madeira, com numerosos instrumentos utilizados na realização de autópsias. Contém, entre outros, uma serra de Charriere, um martelo com gancho, dois afastadores, vários bisturis, sondas e agulhas.

    Este estojo foi utilizado durante o século XX, e faz parte da Coleção de Anestesia Dr. Avelino Espinheira, doada ao Museu da saúde em 2016.

  • Estojo com 7 termómetros de mercúrio.

    Data: 1.ª metade do séc. XX
    Medidas: A. 2,5 x L. 34,0 x P. 10,5 cm

    Jogo de 7 termómetros de mercúrio, acondicionado em estojo de pele, forrado no interior. Os termómetros n.º 1, n.º 2, n.º 3, n.º 4, n.º 5, n.º 6 e n.º 7 medem variações de temperatura de 10º a 50º, 50º a 100º, 100º a 150º, 150º a 200º, 200º a 250º, 250 a 300º, 300 a 360º, respetivamente.

    Deve-se a Galileu Galilei (1564-1642) a invenção, cerca de 1592, do termoscópio, instrumento destinado a mostrar variações de temperatura, antepassado do termómetro. Tratava-se de um tubo de vidro contendo água, cuja parte superior terminava num balão com ar, sendo a parte inferior do tubo mergulhada num recipiente com água. As mudanças na temperatura do balão faziam expandir o ar nele contido que, exercendo pressão na água, causavam a elevação do tubo. Todavia, o seu primeiro uso clínico só ocorreria em 1612, pela mão do italiano Santorio Sanctorius (1561-1636) que marcou uma escala no termoscópio.

    Mais tarde, Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736) desenvolveria o termómetro de mercúrio com escala graduada (1724): o mercúrio, por ter um elevado coeficiente de dilatação, aumenta o seu volume com variações mínimas de temperatura, expandindo-se pelo tubo capilar do termómetro. A invenção de Fahrenheit abriu portas à medição regular da temperatura nos doentes e à melhoria dos meios de diagnóstico.

    A peça do mês de julho integra a exposição “800 Anos de Saúde em Portugal”, patente no Museu da Saúde, situado no antigo serviço de Neurocirurgia do Hospital dos Capuchos, na Alameda Santo António dos Capuchos, em Lisboa.

     

  • Recipiente graduado. N.º de inventário: MS.01260.

    Proveniência: Coleção Tuberculose

    Recipiente graduado, em porcelana branca, utilizado em contexto de farmácia ou de laboratório. Apresenta uma forma cónica, com bico e pega, com escala no interior (50 a 1000 gramas).

    Foi produzido na Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, fundada em 1824 por José Ferreira Pinto Basto, primeira unidade industrial dedicada à produção da porcelana em Portugal.

    O objeto pertenceu ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos (I.A.N.T.) e foi incorporado no Museu da Saúde, em 2011, na coleção “Tuberculose”.

     

  • Fotografia “Desinfectando com aparelho Clayton”. N.º de inventário: MS.2930.

    Fotografia a preto e branco de lancha que transportava o aparelho Clayton, pertencente ao Posto Marítimo de Desinfeção de Leixões.

    O aparelho de gás Clayton foi instalado numa lancha, em 1906, a qual se encostava aos navios para desinfeção das mercadorias, através de anidrido sulfuroso seco. O gás era enviado sob pressão para os porões, paiões, tanques e todos os compartimentos estanques dos navios, através de cabos vedados, procedimento que poderia durar cerca de três horas. Este método evitava uma possível invasão do porto por vetores de doenças contagiosas.

    O Posto Marítimo de Leixões foi criado em 1893, embora a sua construção só tenha iniciado em 1899, na sequência do surto de peste bubónica, que se pensou ter procedência neste porto marítimo. No entanto, só entra em pleno funcionamento em fevereiro de 1905.

  • Estufa elétrica. N.º de inventário: MS.00360.

    Estufa elétrica, de cobre, com paredes duplas e dois tabuleiros amovíveis, produzida pela empresa Arthur H. Thomas Co. (1890-1910), fundada no final do século XIX em Filadélfia (EUA).

    A estufa pertenceu ao Instituto de Malariologia de Águas de Moura, e poderá ter sido utilizada para a cultura de micro-organismos em condições ideais de temperatura constante e ao abrigo da luz.

    O referido Instituto foi criado em 1938 e organizado em três grandes áreas de atuação com o objetivo de combater a malária: investigação do vetor, formação de médicos e proteção das populações.

    Poderá ver esta estufa na exposição 800 Anos de Saúde em Portugal, no Museu da Saúde.

  • Esfigmomanómetro. N.º de inventário: MS.00227.

    Fabricante: ERKA (Alemanha).

    Esfigmomanómetro, modelo Erkameter 300, desenvolvido pela ERKA, empresa fundada em 1927. É constituído por uma braçadeira de tecido e borracha insuflável, para compressão da artéria braquial, e por uma coluna vertical, graduada de 0 a 300 milímetros de mercúrio (mmHg).

    O aparelho permitia medir a pressão arterial, isto é, a pressão que o sangue exerce sobre as paredes das artérias, através da técnica auscultatória desenvolvida pelo médico russo Nikolai Korotkov (1874-1920).

    A técnica consiste em insuflar a braçadeira, de modo a pressionar a artéria braquial, e em registar o valor que surge na escala do aparelho (mmHg). À medida que se alivia a pressão, começam-se a ouvir os designados sons de Korotkov: o primeiro som corresponde à pressão sistólica (máxima) e o último à diastólica (mínima).

     

  • Cadeira. N.º de inventário: MS.AE.864

    Dimensões: 96 cm x C. 50 cm x L. 50 cm

    Fotografia: Pedro Sadio

    O Hospital Dona Estefânia, cuja construção se iniciou em 1860 e foi inaugurado em 1877, foi mandado construir em homenagem à rainha D. Estefânia (1837-1859), mulher de D. Pedro V (1837-1861). A rainha, após uma visita ao Real Hospital São José, e impressionada com a promiscuidade com que na mesma enfermaria eram tratados crianças e adultos, manifestou o desejo de construir um hospital para crianças pobres e enfermas, para o que doou o seu dote de casamento.

    Esta cadeira de ferro, pintado de branco, pertenceu ao mobiliário em uso no 2.º quartel do séc. XX nas enfermarias dos Hospitais Civis de Lisboa (1913). Apresenta no espaldar a sigla ”HE” (Hospital Estefânia) ao passo que as cadeiras equivalentes nos restantes hospitais, do grupo dos Hospitais Civis de Lisboa, possuem a sigla ”HCL”.

    Faz parte do conjunto de objetos provenientes da Coleção de Anestesia Dr. Avelino Espinheira, doada ao Museu da Saúde em 2016.

     

  • Livro de Arquivo.

    Título: Curso de visitadoras sanitárias. Livro 1
    Data: 1931
    Medidas: A. 12,6 x L. 9,5 x P. 3,5 cm

    Livro 1 do “Curso de visitadoras sanitárias” do Instituto Superior de Higiene Dr. Ricardo Jorge, o qual integra o seu acervo documental. Pertencente a um conjunto de seis livros, onde se registam as matrículas das alunas entre 1931 (Livro 1) e 1952 (Livro 6), constitui um testemunho da importância dos arquivos históricos como fontes primárias para a investigação, neste caso na área das ciências da saúde.

    O “Curso de visitadoras sanitárias” foi criado em 1929, por proposta do Diretor Geral de Saúde José Alberto de Faria, tendo funcionado no Posto de Proteção à Infância e sob a direção de António Pina de Oliveira, Professor do Instituto Superior de Higiene Doutor Ricardo. A partir de 1931 (Decreto-lei nº20376), foi inserido no Instituto Superior de Higiene Doutor Ricardo Jorge e dirigido por Carlos de Arruda Furtado, também responsável pelo Curso de Medicina Sanitária.

    Com duração de seis meses, destinava-se a candidatas com idades compreendidas entre os 18 a 35 anos e habilitava-as a exercer nos postos de proteção à infância, dispensários de higiene social e inspeção de epidemias. Posteriormente, em 1945, o curso foi alvo de uma reforma e passou a ter a duração de um ano escolar incluindo estágios com o mínimo de quatro meses.

    Em 1952, o Decreto-lei nº 38884 de 28 de agosto extingue este curso no âmbito da reforma do ensino de enfermagem. O Decreto prevê a criação do curso de auxiliares sociais, com a duração de dois anos e um estágio de seis meses, integrando os antigos cursos de visitadoras sanitárias e de auxiliares sociais.

    A escolha deste livro para peça do mês de junho está relacionada com o Dia Internacional dos Arquivos, que se assinala a 9 de junho.

  • Inalador. N.º de inventário: MS.03740.

    Proveniência: Coleção Portuguesa de Anestesia Dr. Avelino Espinheira

    Inalador de Éter de Ombrédanne, aparelho de origem francesa. Concebido pelo pediatra e cirurgião plástico Louis Ombrédanne (1871-1956) no início do século XX, era utilizado para administração de anestesia por inalação de éter, o qual era embebido em compressas ou feltros. O material era posteriormente colocado dentro da câmara metálica e a insuflação fazia-se pelo balão, habitualmente de bexiga de porco.

    O inalador do Museu da Saúde foi fabricado pela Medicon, fundada em Tuttlingen (Alemanha) em 1941, e distribuído em Portugal pela Sano-Técnica, empresa criada em 1938 e especializada na comercialização de produtos hospitalares.

    Pertence à coleção de Anestesia a qual integra mais de 1000 instrumentos, máquinas, objetos, livros e memorabilia vária, provenientes do antigo Museu Português de Anestesiologia, criado pelo Doutor Avelino Fortes Espinheira. Doada ao Museu da Saúde em 2016, pelos herdeiros deste médico-anestesista, a coleção retrata a história e a prática da anestesia nos contextos nacional e internacional.

  • Vacina animal antivariólica. N.º de inventário: MS.01292 a MS.01299.

    Conjunto de vacinas antivariólicas, produzidas pelo Instituto Vacínico Portuense, sito à época na rua de Santa Catarina (Porto).

    A descoberta da técnica da imunização, por Edward Jenner (1749-1823), em 1796, na sequência dos seus estudos sobre a varíola, abriu o longo caminho para a prática generalizada da vacinação. Portugal acompanhou de perto estas transformações no exercício da medicina e foram criados institutos vacínicos nas principais cidades do país, durante o século XIX.

    A existência de um Instituto Vacínico na cidade do Porto remonta a 1837. Anos mais tarde, em 1912, é publicado um regulamento do então designado Instituto Vacínico Portuense, o qual “[…] será destinado à cultura, preparação, emprego, conservação e fornecimento da vacina anti-variólica, de origem animal (cow-pox) […]”.

    A cultura era feita em bovinos, os quais eram inoculados com o vírus. Posteriormente, era feita a colheita nas pústulas do animal, material preparado em laboratório para produção da vacina. Acondicionada em tubos, a vacina era acompanhada de lancetas do modelo Mareschal, também conhecidas como “estilete” ou “pena” de vacinação.

    Técnica desenvolvida pelo médico militar francês, Dr. Mareschal, consistia na realização de um corte superficial na pele seguido da inoculação da vacina através da lanceta. Este dispositivo representou um avanço técnico ao permitir uma maior rapidez do procedimento e, também, ao evitar problemas com a esterilização dado que a lanceta era de utilização única.

  • Retrato de Gregório X. N.º de inventário: MS.00030.

    Retrato identificado como sendo do Papa Gregório X, chefe da Igreja Católica entre 1271 e 1276.

    Nascido Tebaldo Visconti (1210-1276) ficou conhecido pelo apoio dado ao ensino da medicina, nomeadamente na Universidade de Montpellier onde foi criada, em 1220, a primeira faculdade de medicina da Europa. Deve-se-lhe ainda a escolha do português Pedro Hispano (1215-1277), futuro Papa João XXI (1276-1277), para médico da câmara papal e a sua elevação a cardeal (1274).

    Nesta pintura, Gregório X encontra-se representado a três quartos, com o rosto de perfil, envergando a indumentária papal. Veste uma sobrepliz de tom azulado sobre um pluvial com decoração vegetalista, a ouro e vermelho, o qual prende com um medalhão sobre o peito. Tem, ainda, uma tiara cónica, vermelha com decoração dourada. A figura segura no regaço um livro aberto. Toda a composição surge sobre um fundo escuro.

    Poderá ver esta pintura na exposição 800 Anos de Saúde em Portugal, no Museu da Saúde.

  • Solu-salvarsan. N.º de inventário: MS.01479.

    Fabricante: I. G. Farben (Alemanha).

    O salvarsan foi um medicamento utilizado no tratamento da sífilis, doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo agente etiológico Treponema pallidum, identificado, em 1905, pelo zoólogo Fritz R. Schaudinn e pelo médico Paul E. Hoffmann.

    Durante séculos, os tratamentos para a sífilis foram desenvolvidos à luz dos conhecimentos vindos da Antiguidade Clássica, utilizando-se substâncias como a madeira de guaiaco e o mercúrio. Só em 1909, o médico alemão Paul Ehrlich, depois de experimentar uma longa lista de produtos químicos, compreendeu que o dioxidiamino-arsenobenzol (composto do arsénico), ou simplesmente Salvarsan, era capaz de destruir a bactéria. Apesar da eficácia relativa e da alta toxicidade, ficou conhecido como “bala mágica”.

    O tratamento eficaz para a sífilis surgiu apenas na década de 1940, quando John Mahoney, Richard Arnold e Ad Harris começaram a utilizar a penicilina, descoberta acidentalmente por Fleming em 1928. Até hoje, a terapêutica indicada para sífilis é a penicilina em forma injetável, conhecida como benzetacil.

     

  • Máquina de fechar bisnagas. Nº de inventário: MS.EQP.00324

    Medidas: 22 x 19,5 x 23 cm

    Coleção do medicamento

    Máquina de fechar bisnagas. Trata-se de um aparelho de metal utilizado para fechar manualmente bisnagas de cremes ou medicamentos.

    Funciona colocando-se a bisnaga na rampa de modo a que a guilhotina faça pressão e execute a dobragem da extremidade do tubo.

    Este utensílio foi utilizado durante a primeira metade do século XX, numa época em que muitos medicamentos eram ainda preparados manualmente em laboratórios ou nas farmácias. Faz parte de um conjunto de objetos doados pelos Laboratórios Delta, Lda.

  • Cartaz. N.º de inventário: MS.00664.

    Título: Sou livre, não fumo
    Data: 1980-2000

    Cartaz do Serviço de Educação Sanitária da Direção-Geral da Saúde para a educação para a saúde no contexto de campanhas de antitabagismo. Apresenta a fotografia de um rapaz e de uma rapariga a passear numa paisagem arborizada, envergando t-shirts com a frase impressa “Sou livre, não fumo”.

    A peça pertence a um conjunto de 26 cartazes para campanhas antitabágicas, realizadas em diferentes anos e em vários países. Integra a coleção de Cardiologia do Museu da Saúde, a qual é composta por diferentes instrumentos e aparelhos utilizados no âmbito da prática médica naquela especialidade.

    A escolha deste cartaz para peça do mês de maio está relacionada com o Dia Mundial Sem Tabaco, que se celebra a 31 de maio.

     

  • Folheto. N.º de inventário: MS.02318.

    Proveniência: Doação do Prof. José Pereira Miguel

    Folheto intitulado Pressão arterial elevada (hipertensão), editado em 1973 pela Clínica Universitária de Terapêutica Médica. Trata-se da tradução de um documento da American Heart Association, Inc. e que foi utilizado em campanhas de sensibilização da população para a hipertensão, abordando temas como as causas, os sintomas, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento da doença.

    O folheto foi integrado na coleção do Museu da Saúde por doação do Prof. José Pereira Miguel, professor catedrático de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

    Tal como em 1973, atualmente a Hipertensão Arterial continua a ter um forte impacto na saúde dos portugueses. Segundo os dados do SNS (Serviço Nacional de Saúde), afeta cerca de 36% da população adulta e está associada a diversas doenças e situações clínicas, nomeadamente o AVC (Acidentes Vascular Cerebral), uma das principais causas de morte e de incapacidade em Portugal.

    A escolha deste folheto está relacionada com o Dia Mundial da Hipertensão, que se assinala a 17 de maio.

     

  • Pulverizador. N.º de inventário: MS.00180.

    Proveniência: Instituto Central de Higiene

    Aparelho de desinfeção utilizado para pulverizar ruas e habitações, através da aspersão de cloreto de cal (cloro e hidróxido de sódio) com uma agulheta, por ação de uma bomba manual.

    Fabricado na Alemanha pela F. & M. Lautenschläger, empresa fundada em 1888 e especializada na produção de sistemas de desinfeção e esterilização, este pulverizador foi comprado para o Museu de Higiene, em data incerta, entre 1902 e agosto 1913 (ano em que foi lavrado o primeiro inventário). O aparelho pertenceu à coleção do Museu de Higiene (fundo antigo do Museu da Saúde), criado em 1902, sob a tutela do Instituto Central de Higiene.

    Em funcionamento até 1952, com um acervo de perto de 1072 objetos, o Museu serviu, durante meio século, para a formação prática dos cursos de medicina e engenharia sanitárias promovidos pelo Instituto Central, tendo também estado regularmente aberto ao público. Votado ao abandono e à dispersão, do acervo do Museu de Higiene sobrevivem 65 objetos e três inventários manuscritos nas coleções do Museu da Saúde.

  • “Hygiene Social Applicada à Nação Portugueza”. N.º de inventário: MS.BIB.00002.

    Obra de Ricardo Jorge publicada, em 1885, na sequência das polémicas levantadas com a instalação dos cemitérios no Porto um ano antes.

    De facto, Ricardo Jorge promoveu quatro conferências, em 1884, dedicadas aos temas “Higiene em Portugal”, “A Evolução das Sepulturas”, “Inumação e Cemitérios” e “Cremação”, com as quais demonstrou que os cemitérios não colocavam em risco a saúde pública e defendeu a necessidade da intervenção do Estado na criação de um sistema de saneamento e de combate à insalubridade urbana

    As conferências foram, no ano seguinte, compiladas nesta obra “Hygiene Social Applicada à Nação Portugueza”, a qual pode ser visitada na exposição “800 Anos de Saúde em Portugal” – Museu da Saúde.

  • Inspirómetro incentivado. N.º de inventário: MS.2021/23.

    Fabricante: Productes Clinics, S.A.

    Inspirómetro, modelo Respi-Flo III, utilizado na espirometria de incentivo. Trata-se de uma técnica de fisioterapia respiratória não invasiva utilizada no tratamento e acompanhamento de pacientes portadores de doenças respiratórias ou submetidos a cirurgias no pulmão.

    O equipamento contribui para o melhor funcionamento do órgão e para gerar uma maior ventilação alveolar. O procedimento consiste na inspiração lenta e profunda mantendo-a o maior tempo possível e, em seguida, na expiração lenta. De forma simples, o paciente consegue monitorizar o fluxo e o volume de ar através da movimentação das esferas coloridas.

    Foi doado ao Museu da Saúde pela Dr.ª Cristina Câmara (1930-2021), uma das médicas pioneiras na anestesiologia em Portugal que fez grande parte da sua carreia no Hospital de São de José, onde foi diretora do Serviço de Anestesiologia.

  • Teste auditivo. N.º de inventário: MS.03846

    Proveniência: Coleção Portuguesa de Anestesia Dr. Avelino Espinheira

    Teste auditivo para exame pediátrico, intitulado “Test de dépistage auditif”. O teste, também conhecido como Teste de Moatti, é composto por quatro cilindros que emitem ruídos similares ao grito de animais, testando as várias frequências: Grave – Vaca; Médio Agudo – Gato; Médio Grave – Ovelha; Agudo – Pássaro. É indicado para o rastreio auditivo a crianças entre os 6 e os 24 meses.

    O teste cilíndrico de audição foi criado pelo otorrinolaringologista Lucien Moatti. De origem tunisina formou-se em Medicina em Paris (1961) e em Linguística. Foi professor na Faculdade de Medicina de Paris e membro da Sociedade Francesa de História da Medicina (2008).

    Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda o rastreio auditivo a recém-nascidos, até ao final do primeiro mês de vida (Norma 018/2015), devendo manter-se os testes ao longo da infância.

    No contexto internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem chamado a atenção para a perda auditiva que milhões de adolescentes e jovens adultos poderão sofrer por ouvirem música nos headphones e frequentarem espaços (concertos, bares) com nível de ruído demasiado elevado. De acordo com a OMS, cerca de 50% dos jovens entre os 12 e os 35 anos estão expostos a níveis extremamente elevados de ruído.

    A DGS revela que em todo o mundo, 360 milhões de pessoas sofrem de problemas auditivos, os quais se devem a causas diversas, nomeadamente, doenças infeciosas, questões genéticas, complicações no momento do nascimento, uso de certos fármacos, excesso de ruído e envelhecimento.

    A escolha deste teste está relacionada com o Dia Mundial da Audição, que se assinala a 3 de março.

  • Fotografia. N.º de inventário: MS.02952.

    Título: Peste Bubónica: desinfeção de colchões.

    Fotografia a preto e branco do carro do Serviço Municipal de Desinfeção, com uma corporação especial de bombeiros que, no contexto da Peste Bubónica, se instalou na cidade do Porto, em 1899.

    Detetados os primeiros casos na zona da Ribeira do Porto, Ricardo Jorge, diretor do Laboratório Municipal de Higiene, é alertado a 4 de julho de 1899 para as febres e os “bubões” bem como para as mortes sequenciais naquela zona da cidade. Rapidamente diagnosticada pelo sanitarista como Peste Bubónica, ou peste negra como era vulgarmente conhecida, tornou-se urgente tomar medidas sanitárias que impedissem o alastrar da doença.

    Foi decretado o internamento e isolamento de todos os contagiados e iniciadas as ações de fiscalização das zonas portuárias e estações de caminho de ferro, a par dos trabalhos de saneamento das ruas e desinfeção domiciliária, nomeadamente de colchões e restantes utensílios domésticos.

    Do conjunto de medidas sanitárias, deliberadas pela Junta Consultiva de Saúde Pública, constaram ainda a proibição de realizar feiras, a desinfeção de bagagens e mercadorias e a imposição de um cordão sanitário, completado por um bloqueio marítimo.

    Apesar de incompreendidas pela população, estas medidas revelaram eficácia e modernidade, servindo de catalisador para a criação do Instituto Central de Higiene e da Direção Geral de Saúde, que atualmente continua a desempenhar um papel determinante na regulação, orientação e coordenação das atividades de promoção da saúde e prevenção da doença.

  • Modelo de autoclave móvel. N.º de inventário: MS.01600.

    Modelo de autoclave móvel, objeto construído à escala e utilizado para demonstração e divulgação deste tipo de aparelhos de esterilização.

    Na sequência do desenvolvimento da microbiologia, Louis Pasteur (1822-1895) demonstrou a existência de microrganismos, alguns deles responsáveis pela transmissão de doenças. Com o objetivo de proceder à esterilização de objetos, Pasteur e Charles Chamberland (1851-1908) desenvolveram os primeiros esterilizadores utilizando vapor de água sob pressão, capazes de ultrapassar os 120º e, dessa forma, eliminar as bactérias resistentes a temperaturas mais baixas.

    Estes aparelhos, designados por autoclaves, permitiram um enorme avanço no mundo hospitalar, nas práticas sanitárias, na medicina e também na investigação laboratorial. Os autoclaves móveis, como o apresentado neste modelo à escala, circulavam pelas ruas das cidades e vilas para se proceder à esterilização de objetos de média e grande escala, por exemplo colchões, constituindo um meio de combate a doenças contagiosas.

    O modelo pertenceu à coleção do Museu de Higiene (fundo antigo do Museu da Saúde), criado em 1902, sob a tutela do Instituto Central de Higiene. Em funcionamento até 1952, com um acervo de perto de 1072 objetos, o Museu serviu, durante meio século, para a formação prática dos cursos de medicina e engenharia sanitárias promovidos pelo Instituto Central, tendo também estado regularmente aberto ao público. Votado ao abandono e à dispersão, do acervo do Museu de Higiene sobrevivem 65 objetos e 3 inventários manuscritos nas coleções do Museu da Saúde.

  • Mesa de cabeceira. N.º de inventário: MS.206/2019.

    Mesa de cabeceira pertencente ao mobiliário da antiga Clínica Infante Santo (Lisboa). Produzida pela MIT (Metalúrgica Martins & Irmãos Teixeira), constitui um exemplar do mobiliário hospitalar metálico que, gradualmente a partir da década de 1930, foi adotado pelas instituições de saúde pelas claras vantagens económicas, funcionais e de higiene.

    A MIT, criada em 1920 e designada de Metalúrgica da Longra a partir de 1961, foi uma das empresas nacionais que se reinventou através da criação de mobiliário metálico hospitalar seguindo, numa primeira fase, modelos criados em colaboração com médicos.

    Numa segunda fase, as empresas portuguesas passaram a seguir os modelos fornecidos pelos catálogos estrangeiros onde a Escola da Bauhaus (Alemanha) tinha forte influência.

     

  • Escultura Busto de Sousa Martins. N.º inventário: MS.00100.


    Autor: Desconhecido

    Busto em gesso de Sousa Martins, proveniente do Serviço de Luta Anti-tuberculosa (S.L.A.T.).

    Sousa Martins nasceu (7 de março de 1843) em Alhandra, numa família de baixos recursos e, aos 12 anos, foi para Lisboa onde ficou sob a proteção de um tio materno, farmacêutico, que o iniciou na profissão.

    Aos 21 anos formou-se em Farmácia e, dois anos depois, em Medicina (Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa), com trabalhos relevantes nas duas áreas tendo integrado instituições de relevo científico logo após a sua formação académica, nomeadamente na Academia Real das Ciências de Lisboa e na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.

    Iniciou uma carreira ligada ao ensino e à investigação na área da Medicina. Em 1872, foi nomeado lente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e, em 1874, médico extraordinário do Hospital de São José. Anos mais tarde, em 1881, foi nomeado presidente da Comissão Executiva e da Secção de Medicina da expedição científica à Serra da Estrela, organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa, que se revelou fundamental para o estudo do clima e sua adequação para implementação de sanatórios para tuberculosos.

    Afirmou-se como médico, como intelectual e como cientista e tornou-se estimado pela generosidade e gratuitidade com que atendia os doentes mais necessitados. Teve, ainda, um papel relevante na luta contra a tuberculose, estudando e defendendo a criação de sanatórios na região da Serra da Estrela, que viria a ser inaugurado a 18 de maio de 1907.

    Sousa Martins adoeceu quando se encontrava em Veneza, sendo-lhe diagnosticada tuberculose. Instalou-se na Serra da Estrela e, mais tarde, em Alhandra, numa propriedade de amigos. A doença, no entanto, agravou-se e, aos 54 anos, tuberculoso terminal e com lesão cardíaca, Sousa Martins suicidou-se com uma injeção de morfina, a 18 de agosto de 1897.

  • Cartaz. N.º de inventário: MS.00063

    Medidas: Alt. 41,00cm x Larg. 26,50cm

    Ilustrador: André Wilquin (1899-2000)
    Gráfica: Imp. Hélio-Cachan (Cachan, Seine)

    Cartaz intitulado Tôp Dépisté, Vite Guéri (Rastreado antecipadamente, Curado rapidamente), editado pelo Comité National de Défence Contre la Tuberculose, do Ministère de la Santé Publique et de la Population (França), para sensibilização da população para a importância do rastreio na profilaxia e no diagnóstico precoce da tuberculose pulmonar.

    O cartaz apresenta uma composição gráfica que remete para um exame radiológico onde um paciente se submete ao exame, o qual é realizado por um técnico equipado para o efeito. Por baixo da imagem surge a frase La Tuberculose reconnue dès son dêbut peut être plus efficacemment traitée (A tuberculose diagnosticada no início pode ser mais eficazmente tratada).

    Com esta Peça do Mês, o Museu da Saúde associa-se à comemoração do Dia Mundial da Radiologia (8 de novembro), apresentando um cartaz que destaca a importância do rastreio da tuberculose através de raio-x, técnica descoberta em 1895 por Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923), treze anos depois de Robert Koch (1843-1910) ter descoberto o agente etiológico da tuberculose. A aplicação do raio-x ainda hoje é utilizada como ferramenta de diagnóstico, existindo, no entanto, outros meios por imagem, nomeadamente a tomografia computadorizada.

  • Mata-borrão. N.º de inventário: MS.02914.

    Mata-borrão para propaganda, de meados do séc. XX, do antibiótico Atralcilina, à base de penicilina, doseado para adultos e crianças, distribuído pelos Laboratórios Atral, e usado no tratamento de infeções de gravidade moderada.

    A ilustração é de autoria de José Cambraia (1920-1993), especialmente conhecido por ilustrar livros infantojuvenis. A imagem do mata-borrão remete para a representação de duas caixas, referentes às duas formas em que se apresenta o medicamento: aquosa e oleosa.

    Integra um conjunto de mais de três centenas de materiais gráficos de propaganda e bulas de medicamentos, de diversas épocas e origens, preservados pelo Museu da Saúde. Foi doado pelo Prof. José Pereira Miguel, médico e diretor do Instituto Ricardo Jorge entre 2006 e 2014.

    A escolha desta peça está relacionada com o Dia Europeu do Antibiótico, que se assinala a 18 de novembro. A descoberta da penicilina, em 1928 por Alexander Fleming, e o advento dos antibióticos impediu que várias doenças se tornassem fatais, beneficiando definitivamente a saúde das populações.

  • Carimbo. N.º de inventário: MS.01812.

    Proveniência: Instituto Central de Higiene

    Carimbo do Instituto Central de Higiene Dr. Ricardo Jorge, segunda designação do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

    Criado em 1899, como Instituto Central de Higiene, com a vocação primordial de apoiar os serviços de fiscalização sanitária, de promover o ensino da medicina sanitária e de realizar análises e investigação laboratorial, o seu nome é alterado, em 1929, para Instituto Central de Higiene Dr. Ricardo Jorge, em homenagem ao seu fundador.

    No contexto de reorganização dos Serviços de Assistência Social, em 1945, altera a designação para Instituto Superior de Higiene, a qual se mantém até 1971, ano em que o Instituto recebe novas competências e atribuições, destacando-se a investigação aplicada, a formação pós-graduada e os serviços à comunidade, como laboratório nacional de referência.

    Desde essa data, e até à atualidade, a instituição adota a designação de Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

  • Fotografia do Hospital Joaquim Urbano. N.º de inventário: MS.01185.

    Fotografia a preto e branco de um pavilhão dedicado às doenças infeciosas do Hospital de Guelas de Pau, no Porto. Trata-se de um registo realizado no âmbito de um inquérito nacional em parceria entre a Direção-Geral da Saúde e a Fundação Rockefeller.

    O inquérito foi coordenado por Fausto Landeiro e Francisco Cambournac resultando na publicação O Sezonismo em Portugal (1933). No seguimento deste estudo, foi criado, em 1938, o Instituto de Malariologia, na localidade de Águas de Moura (Palmela), onde se encontra instalado o Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI) Doutor Francisco Cambournac.

    O referido hospital, mais tarde designado de Hospital Joaquim Urbano, foi inaugurado em 1884 para socorro e isolamento de eventuais vítimas de cólera, epidemia que grassava em vários países da Europa. O Hospital foi posteriormente destinado ao tratamento de sucessivas epidemias e doenças infecciosas, cumprindo um papel determinante na defesa da saúde pública enquanto estrutura de isolamento.

  • Modelo anatómico – Esqueleto humano. N.º de inventário: MS.02267.

    Produção: Tecnodidática

    O Museu da Saúde associa-se ao Dia Mundial da Radiologia (8 de novembro), que celebra uma das maiores descobertas da medicina contemporânea, em 1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923). Esta técnica, que utiliza os raios x, permite a visualização dos ossos e outros órgãos.

    Fundamentais para a formação de estudantes nas áreas da radiologia, medicina e enfermagem, os modelos anatómicos integram muitas das coleções didáticas de escolas e de institutos com vocação formativa. Este modelo de esqueleto humano faz parte de um conjunto de modelos anatómicos da coleção do Museu da Saúde.

  • Bata de laboratório da Dr.ª Laura Ayres. N.º de inventário: MS.03100.

    No âmbito da inauguração da mostra “Centenário do nascimento de Laura Ayres”, integrada nas comemorações do Dia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (15 de novembro 2022), o Museu da Saúde destaca para Peça do Mês a bata de laboratório da Dr.ª Laura Ayres.

    Laura Guilhermina Martins Ayres (1922-1992) licenciou-se em medicina, em 1946, e iniciou a sua carreira nos hospitais onde se interessou pelo estudo das doenças transmissíveis. Anos mais tarde, em 1955, começou a sua carreira de virologista no então designado Instituto Superior de Higiene (ISH), quando a área da Virologia era praticamente inexistente. Partindo de uma pequena unidade do ISH, o Centro Nacional da Gripe, Laura Ayres conseguiu desenvolver o Laboratório de Virologia, com autonomia a partir de 1971, que se tornou num dos melhores laboratórios de Virologia Clínica e Epidemiológica. Em 1985, criou o Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis.

    Além do trabalho pioneiro que desenvolveu na área da Virologia, Laura Ayres foi também a “voz e a figura” da luta contra a SIDA em Portugal, estando na origem da Comissão Nacional da Luta Contra a SIDA e na criação do Laboratório de Referência da SIDA do INSA, uma das primeiras instituições portuguesas a desenvolver o diagnóstico laboratorial da infeção VIH/SIDA.

    Pelo seu importante papel na investigação em Saúde Pública, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada (1992).

     

  • Câmara de liofilização. N.º de inventário: MS.01121

    Dimensões: Alt. 28,50cm x Larg. 40,50cm x Prof. 30,00cm

    Câmara de liofilização de seis portas, modelo FDC206, produzida pela Savant.

    O equipamento, com seis torneiras e uma entrada, era utilizado para realizar a liofilização. Este processo, também designado por criodesidratação ou criosecagem, permite a desidratação de produtos uma vez que ocorre em condições especiais de pressão e temperatura.

    Os produtos previamente congelados são colocados na câmara de liofilização, onde o gelo vai passar diretamente do estado sólido para o estado gasoso (sublimação), devido à ação da baixa pressão. As propriedades nutritivas dos produtos, bem como o sabor, a cor e aromas mantêm-se, apesar da alteração do aspeto físico.

    Trata-se de um procedimento utilizado na indústria alimentar, mas também é útil na preservação de produtos sensíveis à temperatura, nomeadamente os de origem biológica, tais como enzimas, plasma sanguíneo, vacinas, etc.. Possivelmente foi utilizada num dos laboratórios do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

     

  • Foróptero de parede. N.º de inventário: MS.02677

    Foróptero manual de parede e com candeeiro.

    Instrumento utilizado em exames oftalmológicos para avaliar a graduação necessária a cada olho, através das lentes que compõem o aparelho, possibilitando, assim, a deteção de problemas refrativos da visão, tais como a miopia, a hipermetropia e/ou o astigmatismo.

    O objeto pertenceu a um dos consultórios de oftalmologia do Hospital de Egas Moniz (Lisboa) e foi doado ao Museu da Saúde em 2016.

    A escolha desta peça está relacionada com o Dia Mundial da Visão, que se celebra a 12 de outubro.

  • Diploma. N.º de inventário: MS.02809.

    Proveniência: Doação das bisnetas de Ricardo Jorge

    Diploma de curso de Ricardo d´Almeida Jorge, fundador e primeiro diretor do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

    Criado em 1899, com a designação de Instituto Central de Higiene, teve por vocação primordial apoiar os serviços de fiscalização sanitária, promover o ensino da medicina sanitária e realizar análises e investigação laboratorial.

    Ricardo Jorge (Porto, 1858-Lisboa, 1939) foi incumbido de organizar e dirigir o Instituto a partir de 1903, o qual passaria a ter o seu nome a partir de 1929.

    Médico e humanista, Ricardo Jorge frequentou com brilhantismo a Escola Médico-Cirúrgica do Porto de 1874 a 1879, tendo concluído a licenciatura em Medicina com a dissertação inaugural Um Ensaio sobre o Nervosismo. O presente Diploma, datado de 27 de agosto de 1879, habilita-o a exercer Cirurgia e Medicina.

  • Medalha. N.º de inventário: MS.02717.

    No mês de nascimento de Luís Câmara Pestana (28 de outubro de 1863), o Museu da Saúde destaca a medalha dedicada ao bacteriologista, fundador do Instituto Bacteriológico de Lisboa, posteriormente designado de Instituto Câmara Pestana. Trata-se de uma medalha de autoria de Vasco Berardo (1933-2017), pintor, escultor e medalhista.

    No anverso, apresenta a figura de Câmara Pestana, em relevo, com a legenda do seu nome na orla inferior. No reverso encontra-se a legenda: “LUÍS CÂMARA PESTANA (1863-1899)/ BACTERIOLOGISTA EMINENTE, FOI TAMBÉM PROFESSOR DE HIGIENE, MEDICINA LEGAL E ANATOMIA PATOLÓGICA. FUNDOU E DIRIGIU O INSTITUTO/ BACTERIOLÓGICO QUE HOJE TEM O SEU NOME. MORREU NO PORTO VITIMADO PELA PESTE QUE ALI FORA COMBATER”.

    A peça foi doada, em fevereiro de 2017, por José Maria Albuquerque, à época Vogal do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

  • Lâmpada de fenda. N.º de inventário: MS.02675.

    A Lâmpada de Fenda, ou Biomicroscópio Ocular, é um instrumento utilizado para observação do globo ocular. Consiste num microscópio e numa fonte de luz de alta intensidade que pode ser focada em diferentes planos.

    O aparelho permite ampliar e assim facilitar o exame das estruturas anteriores do olho: conjuntiva, córnea, esclerótica, íris ou cristalino.

    O Dia Mundial da Visão, que se comemora na segunda quinta-feira de outubro, é uma iniciativa anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), que teve início em 1998, e pretende sensibilizar e motivar a população para a necessidade de verificar regularmente a saúde dos seus olhos, através do diagnóstico precoce como forma de prevenção de doenças oculares.

     

  • Maqueta de tipologia de casa rural familiar na Herdade do Pinheiro (dec. 1940). N.º de inventário: MS.01584.

    Em meados do século XX a malária continuava a ser uma doença endémica em Portugal, com especial incidência em zonas de cultivo de arroz, como era o caso do vale do rio Sado. A precariedade das habitações e ausência de infraestruturas sanitárias contribuía decididamente para o problema das populações, expostas ao vetor da doença (Anopheles spp).

    A partir do final da década de 1930 iniciaram-se medidas de proteção, nomeadamente a urbanização das zonas circundantes e a construção de habitações com condições higiénicas adequadas. Esta maqueta apresenta uma das tipologias de casas rurais familiares, construídas na Herdade do Pinheiro (Alcácer do Sal), no contexto das medidas de proteção às populações residentes.

    A maqueta foi produzida para a exposição demonstrativa das ações desenvolvidas de combate à malária, organizada pela Direção de Serviços Antissezonáticos, em 1940. Nesse ano, a maqueta é incorporada no Museu de Higiene do Instituto Central de Higiene (Instituto Ricardo Jorge) e integra, atualmente, a coleção do Museu da Saúde.

     

  • Fotografia. Nº de inventário: MS.01747.

    Dimensões: 32,5 x 29,5 cm

    Fotografia do Posto de Desinfeção Pública de Lisboa, construído, em 1894, nos terrenos da cerca do Convento das Francesinhas, junto ao Palácio de S. Bento. Tinha como atribuição a desinfeção de todos os materiais, habitações e outros locais que tivessem estado em contacto com doentes infetados com doenças de declaração obrigatória (febre tifoide, tifo exantemático, tuberculose, peste, cólera, entre muitas outras doenças infeciosas e/ou epidémicas).

    Em 1929, é ampliado e reformulado e adquire o nome de Parque Sanitário de Lisboa. Os terrenos e estruturas do Parque Sanitário permanecem sob alçada da Direção-Geral de Saúde até 1993, altura em que dão lugar a novos edifícios do Instituto Superior de Economia e Gestão.

    A fotografia faz parte de um conjunto de imagens do Parque Sanitário de Lisboa que representam as várias edificações, como, por exemplo, o armazém de material antiepidémico, o balneário, a lavandaria e as salas dos autoclaves. No Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa estão expostas reproduções destas fotografias, assim como outras do Posto de Desinfeção Marítima de Leixões, numa exposição organizada em parceria com o Museu da Saúde.

  • Medicamento. N.º de inventário: MS.MDS.01351

    Título: Ácido salicílico
    Fabricante: Farmácia Central do Areeiro

    Embalagem de ácido salicílico, preparado da Farmácia Central do Areeiro.

    Até a era da industrialização do medicamento, os boticários produziam todas as drogas nos seus laboratórios. O século XIX assistiu a progressos na farmacologia e química, que levaram à transformação das técnicas farmacêuticas, da produção de novos medicamentos e da forma como eles são apresentados. Apareceram novos equipamentos para a produção em série, nomeadamente de comprimidos e supositórios.

    Integra a coleção do medicamento, composta por um conjunto de medicamentos que permitem representar o desenvolvimento da química farmacêutica, desde os preparados farmacêuticos ao medicamento produzido a uma escala industrial.

    A escolha desta peça está relacionada com o Dia Internacional do Farmacêutico, que se celebra a 25 de setembro.

  • Modelo anatómico: coração. N.º de inventário: MS.02273.

    Proveniência: Doação do Prof. Pereira Miguel.

    Modelo de coração humano, desmontável, que permite observar cada componente daquele órgão. Integra um conjunto de objetos de propaganda médica, muitas vezes utilizados em contexto de consulta para explicação aos pacientes.

    Foi doado pelo Prof. José Pereira Miguel, médico e diretor do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge entre 2006 e 2014.

    A escolha desta peça está relacionada com o Dia Mundial do Coração (29 de setembro), iniciativa da World Heart Federation que, desde o ano 2000, assinala o dia através de iniciativas que promovem a educação para a saúde e para a prevenção das doenças cardíacas.

  • Espéculo de Cusco. N.º de inventário: MS.03556.

    Proveniência: Coleção Portuguesa de Anestesia Dr. Avelino Espinheira.

    Na sequência de outros espéculos desenvolvidos desde o início do século XIX, o médico parisiense Édouard Cusco (1819-1894) criou este modelo cerca de 1850, o qual se tornou bastante popular à época, continuando ainda hoje a ser utilizado. O instrumento abre como um bico de pato, regulado por um parafuso localizado ao nível do cabo, atuando como afastador vaginal.

    O instrumento pertence à coleção de Anestesia a qual integra mais de 1000 instrumentos, máquinas, objetos, livros e memorabilia vária, provenientes do antigo Museu Português de Anestesiologia, criado pelo Doutor Avelino Fortes Espinheira. Doada ao Museu da Saúde, em 2016, pelos herdeiros deste médico-anestesista, a coleção retrata a história e a prática da anestesia e da medicina em geral, nos contextos nacional e internacional.

    A escolha desta peça está relacionada com o Dia Nacional da Natalidade/Dia da Grávida, que se assinala a 9 de setembro, com o objetivo de reconhecer o papel das mães e dos casais grávidos no equilíbrio demográfico de Portugal.

  • Ventosas. N.º de inventário: MS.03509 a MS.03512

    Proveniência: Coleção Dr. Avelino Espinheira

    Conjunto de ventosas utilizadas como instrumentos terapêuticos. A aplicação de ventosas, aquecidas internamente para formar vácuo, serviam para fazer afluir o sangue ao local de infeções, com ou sem recurso posterior a sanguessugas ou sangrias.

    Este tipo de tratamento, comum até ao século XX, tem a sua génese na terapêutica fundada por Hipócrates e Galeno (129-c.199): a teoria clássica dos humores corpóreos.

    Esta teoria defendia que o estado de saúde estava relacionado com o equilíbrio do sistema humoral (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra). Com o objetivo de libertar o corpo de humores excessivos, recorria-se, entre outros instrumentos, às ventosas.

  • Formolizador. N.º de inventário: MS.01576.

    Inventor: Guilherme Ennes.

    Formolizador desenvolvido pelo médico Guilherme Ennes (1839-1920), antigo diretor do Posto de Desinfestação Pública de Lisboa.

    O equipamento destinava-se à desinfeção de habitações e espaços públicos através da fumigação com uma solução de formaldeído, gás com propriedades bactericidas e germicidas. Era usado na rotina de higienização ou em situações de utilização desses espaços por pessoas com doenças infetocontagiosas.

    O aparelho consiste numa botija de metal com duas pegas de madeira e válvula no topo, que controlava a saída do desinfetante. Encontra-se acondicionado numa caixa de madeira para transporte onde foi gravado a identificação do objeto: “Formolizador ‘Ennes’. Construído pela Loja Sol, Lisboa, R. D´Assumpção 82”.