As doenças infeciosas constituem um conjunto de doenças que incluem todas as doenças causadas por um agente patogénico (bactérias, vírus, parasitas ou fungos). O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Doenças Infeciosas, desenvolve várias atividades nesta área, nomeadamente:
- Prestação de serviços diferenciados e consultoria na área das doenças infeciosas e seus agentes e vetores;
- Colaborar na vigilância epidemiológica das doenças infeciosas, na sua componente laboratorial, através dos seus laboratórios de Referência, em articulação com as redes nacionais e internacionais;
- Promover, coordenar e realizar atividades e projetos de investigação em doenças infeciosas, seus agentes e determinantes;
- Contribuir para o planeamento da agenda de investigação em Saúde;
- Atuar na avaliação do risco biológico de emergência em saúde pública;
- Coordenar as atividades dos biobancos, biotérios e Laboratórios de Segurança Biológica (BSL3).
As atividades desenvolvidas na área das Doenças Infeciosas servem essencialmente para gerar conhecimento que permita ganhos em saúde aos diferentes níveis, nomeadamente na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças infeciosas, contribuindo para o seu controlo e potencial erradicação.
- Relatório REVIVE 2022 – Culicídeos e Ixodídeos: Rede de Vigilância de Vetores
- Vigilância Laboratorial da Tuberculose em Portugal
- SARS-CoV-2 Seroprevalence Following a Large-Scale Vaccination Campaign in Portugal: Results of the National Serological Survey, September – November 2021
- Vigilância de vetores e saúde pública
- Epidemiology of Clostridioides difficile Infection in Portugal: A Retrospective, Observational Study of Hospitalized Patients
As infeções sexualmente transmissíveis (IST) constituem uma enorme preocupação em termos de saúde pública a nível mundial pois são uma importante causa de morbilidade e mortalidade. As IST abrangem um conjunto de microrganismos que se podem transmitir de uma pessoa para outra quando existe um contacto sexual.
É o caso dos vírus da imunodeficiência humana 1 e 2 (HIV1/2), dos vírus da hepatite B e da hepatite C (HBV e HCV), dos vírus do herpes genital (HSV1/2), do vírus do papiloma humano (HPV), do protozoário responsável por vaginites (Trichomonas vaginalis) e das bactérias responsáveis pela sífilis (Treponema pallidum), pela gonorreia (Neisseria gonorrhoeae), pelo linfogranuloma venéreo (estirpes LGV de Chlamydia trachomatis) e por uretrites e cervicites (C. trachomatis, estirpes D a K, e Mycoplasma genitalium).
Neste âmbito, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do Laboratório Nacional de Referência das IST, proporciona o diagnóstico laboratorial das IST como prestação de serviços, promove a vigilância epidemiológica e microbiológica através da monitorização das estirpes responsáveis por IST em Portugal que contribuem para a vigilância das IST a nível Europeu e Mundial. A vigilância é fundamental para o estabelecimento de medidas preventivas da aquisição e transmissão das IST.
São ainda desenvolvidas atividades de referência, nomeadamente identificação e caracterização dos principais agentes etiológicos das IST, assim como atividades de investigação, sobretudo aplicada. A área da epidemiologia, nomeadamente pela colaboração com as administrações regionais de saúde, com hospitais públicos e com entidades de saúde privadas, da epidemiologia molecular e das bases moleculares da virulência constituem as principais áreas de investigação para as quais têm desenvolvido múltiplos projetos. Para além de formação avançada é também facultada formação especializada aos profissionais de saúde, através de cursos e seminários.
O Laboratório Nacional de Referência de Infeções respiratórias está vocacionado para o estudo de agentes infecciosos virais e bacterianos responsáveis por infeção respiratória, e agentes bacterianos que, podendo ser comensais do tracto respiratório superior, podem causar infeção sistémica grave. Inclui o Laboratório para o vírus da Gripe, o Laboratório de Tuberculose, o Laboratório de Neisseria meningitidis e o Laboratório de agentes respiratórios bacterianos dedicado a Haemophilus influenza e Corynebacterium diphtheriae.
O Laboratório Nacional de Referência de Infeções Gastrointestinais (LNR) está subdividido em três laboratórios: Salmonella spp, Escherichia coli, Shigella spp, Yersinia spp, Listeria monocytogenes e outras bactérias entéricas; Campylobacter spp e Helicobacter spp; Giardia lamblia, Cryptosporidium spp e Entamoeba histolytica.
Este Laboratório tem como funções: desenvolver novas metodologias laboratoriais, implementar métodos de referência, participar na normalização de técnicas laboratoriais, assegurar o apoio técnico-científico aos laboratórios dos serviços de saúde, promover, organizar e garantir a avaliação externa da qualidade no âmbito laboratorial, bem como preparar e distribuir materiais de referência.
O Laboratório Nacional de Referência de Infeções Sistémicas e zoonoses é um Laboratório de Referência Nacional do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge. Abrange três diferentes áreas: parasitologia, micologia, e virologia associadas a infecções sistémicas e zoonoses.
Tem como missão e principais objectivos a identificação dos agentes responsáveis por infeções sistémicas e zoonóticas humanas, o desenvolvimento de novas metodologias de diagnóstico laboratorial de referência, a formação de profissionais, serviços de consultoria em diagnóstico laboratorial de referência e de investigação científica, a identificação dos indicadores epidemiológicos de infecções activas e / ou virulência e a vigilância epidemiológica laboratorial.
O Instituto Ricardo Jorge desenvolve atividade na área da resistência aos antibióticos, através do Laboratório Nacional de Referência das Resistências aos Antimicrobianos (LNR-RA), do Departamento de Doenças Infeciosas.
O LNA-RA encontra-se estruturado em 5 setores que funcionam de forma concertada (Setor de Referência, Setor de Bacteriologia, Setor de Bioquímica, Setor de Biologia molecular e Setor Bioinformático).
As doenças evitáveis por vacinação englobam doenças infeciosas para as quais existem vacinas eficazes. Segundo a Organização Mundial de Saúde as doenças evitáveis por vacinação mais relevantes são: a difteria, hepatite B, sarampo, parotidite epidémica, rubéola, rubéola congénita, meningite meningocócica, infeção por Haemophilus influenzae tipo B, tosse convulsa, poliomielite, tétano, gripe, tuberculose e febre-amarela. Contudo, existem outras, como a infeção por papiloma vírus, infeção por rotavírus e hepatite A, que podem evoluir para formas graves e com impacto em saúde pública.
O Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge, através dos seus laboratórios de referência nesta área (LNR de Doenças Evitáveis pela Vacinação, LNR de Infeções Sexualmente Transmissíveis, LNR de Infeções Respiratórias, LNR de Infeções Gastrintestinais), participa na vigilância epidemiológica das doenças em causa procedendo à confirmação laboratorial dos casos notificados pelos médicos e colabora, sempre que necessário, na investigação de surtos. Promove ainda ações de formação, de divulgação da cultura científica e executa projetos de investigação e desenvolvimento.
As atividades desenvolvidas contribuem assim para a prevenção das doenças em causa, diminuindo a sua incidência. A confirmação laboratorial dos casos de doença permite a implementação precoce de medidas de saúde pública, que irão impedir a sua propagação na comunidade. Estas atividades adquirem particular relevância no caso de doenças erradicadas (poliomielite) ou em erradicação, (sarampo e rubéola) pois permitem demostrar precocemente a existência ou ausência de casos de doença e a sua origem.
Neste âmbito, são utilizados no diagnóstico laboratorial métodos de referência ou Gold Standard e é efetuada a tipagem molecular dos agentes em causa. São também desenvolvidos projetos de investigação, nomeadamente inquéritos serológicos nacionais que permitem determinar o perfil imunológico da população portuguesa para estas doenças. Estas atividades são realizadas em colaboração com as autoridades de saúde nacionais (Direção-Geral da Saúde e Administrações Regionais de Saúde) e internacionais – Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
As doenças associadas a vetores definem-se como infeções cujos microrganismos patogénicos são transmitidos de um indivíduo infetado para outro através da picada de um vetor, usualmente artrópodes como mosquitos ou carraças, algumas vezes com a interação de outros animais que servem como hospedeiros intermediários.
Aproximadamente metade da população mundial está infetada com um destes agentes, o que resulta em taxas de morbilidade e mortalidade elevadas. A distribuição da incidência destas doenças é muito desproporcionada, com um impacto avassalador nos países em desenvolvimento localizados nas zonas tropicais e sub-tropicais.
A área da genómica microbiana tem sido, nos últimos anos, uma das apostas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Doenças Infeciosas (DDI), dado ser inquestionável que o melhor conhecimento da estrutura e características genéticas dos agentes microbianos contribui, direta ou indiretamente, para um combate mais eficaz às doenças infeciosas.
Entre as várias linhas de atuação no âmbito da genómica microbiana, salientam-se a deteção e investigação de surtos infeciosos, a investigação de agentes infeciosos emergentes, bem como a previsão do perfil de resistências a agentes antimicrobianos e do potencial patogénico de agentes microbianos. Para atingir estes objetivos, o Instituto Ricardo Jorge recorre à sequenciação total dos genomas microbianos em equipamentos de sequenciação de nova geração existentes, bem como a complexas pipelines para análise bioinformática dos dados genómicos obtidos.
A área da genómica microbiana tem sido desenvolvida não só de acordo com a própria agenda de investigação, mas sobretudo de acordo com o papel de laboratório de referência nacional em estreita ligação com a Direção-Geral de Saúde e com entidades estrangeiras tais como o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC).
O desenvolvimento da área da genómica microbiana e bioinformática tem sido levado a cargo essencialmente pelo Núcleo de Bioinformática, em estreita colaboração com os restantes laboratórios do DDI.